A MÃE DO SENHOR JESUS
a Imaculada Conceição
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om base nos Evangelhos de Mateus, Lucas e João, nós cristãos-católicos testemunhamos grande veneração pela mãe do Senhor Jesus. E muitos são os títulos honrosos com que a ela nos referimos. Um deles ganhou o status de dogma, A IMACULADA CONCEIÇÃO, no dia 08 de dezembro de 1854 pela bula papal Ineffabillis Deus, do Papa Pio IX.
Mas há quem ainda se confunda com o sentido do termo, pensando que se refira ao fato de Maria ter concebido Jesus por “obra do Espírito Santo”. Contudo o termo Imaculada Conceição indica que ela, Maria, veio ao mundo livre do pecado original. Essa doutrina, genuinamente católica, tornou-se, como já dito, um dogma. E em nossa Igreja nossos dogmas significam verdades reveladas. Não uma compreensão puramente intelectiva, que apraz a um Papa estabelecer como verdade de fé, mas algo profundamente estudado; e que depois de longo tempo de amadurecimento orante a Igreja chega à conclusão de que já não resta dúvida; pelo quanto se integra de forma perfeita aos fundamentos da fé apostólica.
Tinha-se desde o principio da Igreja a compreensão de que Maria, aquela que fora considerada pelo anjo Gabriel como a plenamente agraciada com a honra de vir a ser a mãe do Filho do Altíssimo, fora, além disso, também agraciada com a sua preservação do pecado original.
No entanto, havia nessa compreensão algo teologicamente grave a considerar: se Jesus é o redentor de todas as criaturas humanas, como poderia Maria, sem dúvida uma dessas criaturas, ter vindo à existência sem a mancha do pecado original; ou seja, sem necessitar do ato redentor de Jesus? Fato é que algumas passagens do Antigo Testamento apontam para a imaculabilidade da mãe do Senhor. Por exemplo, em Jo 14,4 é dito “Pode o Puro vir de um ser impuro? Jamais.” Porém não se encontra formal e direta indicação disso no Novo Testamento. Ficou então essa ideia profundamente arraigada na tradição da Igreja. Tanto no povo quanto em muitos teólogos, desde a chamada Patrística.
Mas também houve doutores da Igreja, e mesmo santos, que não comungaram com tal crença. Sendo mesmo contrários. São exemplos: Santo Anselmo, São Boaventura, São Bernardo. E até em São Tomás de Aquino se encontra um período em que ele não creu na imaculabilidade de Maria. Voltando a crer por volta do ano 1273, período final de sua vida.
A questão teológica, repito, era saber como podia, mesmo a mãe do Senhor, ser originalmente imaculada, portanto, sem necessidade de redenção, antes que se desse a paixão e morte de Jesus para redenção de toda a humanidade. Muitas, intensas e profundas discussões foram travadas entre teólogos católicos. A solução veio de um frade franciscano de nome João Duns Scotto, contemporâneo de São Tomás de Aquino (século XIII) com uma compreensão simples e magistral que bem explicava a imaculabilidade de Maria antes do ato redentor de Jesus: concluiu ele simplesmente que aquela que conceberia o Filho do Altíssimo foi sim gerada imaculada; mas também inteiramente devedora disso a Jesus, porquanto fora agraciada com essa imaculabilidade em função da missão de concebê-lo. A ela coube o desafio de aceitar a missão e, mais que isso, se manter fiel na graça recebida. Esse argumento foi decisivo para o Papa Pio IX em 1854 fechar o fundamento explicativo do dogma.
No ano de 1858, na cidade de Lourdes (França) houve uma aparição de Nossa Senhora a uma jovem de nome Bernadette; na qual ela, Nossa Senhora, referiu-se a si mesma dizendo “Eu sou a imaculada conceição”. E como em outras aparições, foram estas investigadas pela Igreja e nada se achou para contestá-la. Ao contrário, muitas são as graças decorridas até hoje em função delas.
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